
"Eu disse aos meus filhos", conta Benta Caselas, 62 anos, "saiam daqui para fora, ponham-se na vida, deixai a rês que é um trabalho escravo". Benta Caselas esteve nove anos a tomar conta de um rebanho e conta a prisãoa que estava votada: "Havia uns intervalitos para o crochet mas temos de estar sempre de olho nas rezes, umas apartam-se, vai cada um para seu lado".
Em Paredes do Rio, uma aldeia ex-comunitária cuja associação local transformou em museu vivo, com visitas guiadas e contacto com artesãos e gente da aldeia, era tudo em vezeira, em comum: "Entre Maio e Setembro, juntava-se o gado, havia uma buzina para chamar as rezes e depois era conforme as cabeças que cada um tinha. Quem tinha mais cabeças, ía mais tempo tomar conta delas. Recebia-se cinco coroas cada rez".
Dantes, havia que estar atento aos lobos. "Antigamente havia lobos, agora quase não há. Se estavamos distraídos, lá ía um carneiro. Antigamente, até aqui na riba da aldeia se via lobos, agora..."
Os cães não afastavam os lobos? "Os cães...quem os tinha..."
No princípio de Maio, se durante o Inverno não morrese nenhuma rez ou nenhuma tivesse sido levada por um lobo, levavam uma merenda boa e enfeitavam os cornos de rezes com flor de carqueja e mato vermelho.
"Vinha tudo por aí abaixo, num magote. Era uma festa".
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