DIÁRIO DE VIAGEM DO JORNALISTA NUNO FERREIRA (EX-EXPRESSO, EX-PÚBLICO) QUE ATRAVESSOU PORTUGAL A PÉ ENTRE FEVEREIRO DE 2008 E NOVEMBRO DE 2010. O BLOG INCLUI TODAS AS CRÓNICAS PUBLICADAS NA REVISTA "ÚNICA" EM 2008, BEM COMO AS QUE SÃO PUBLICADAS SEMANALMENTE NO SITE CAFÉ PORTUGAL. (Travel diaries of Nuno Ferreira, a portuguese journalist who crossed Portugal on foot from February 2008 to November 2010. contact: nunoferreira62@gmail.com ou nunocountry@gmail.com

08/01/09

DE REGRESSO À ESTRADA

 
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Estou de regresso à estrada, na área da Guarda e com intenções de seguir em direcção ao litoral do distrito de Aveiro, cruzando muito provavelmente o Caramulo.
Os campos em Janeiro e depois da pressão dos nevões, perderam o viço de outras épocas. Predomina por todo o lado um verde acizentado e baço que emerge depois de mais uma noite de geada. As hastes das árvores estendem-se de braços abertos e tristes ao céu limpo mas gelado de Janeiro. À beira dos caminhos os fetos estão agora queimados e castanhos que dói de os recordar verdejantes há apenas dois meses. A água parada gela nos tanques e a que corre nas valas da berma da estrada arrepia de tão fria. As únicas notas de vida chegam do fumo das chaminés rurais, do cheiro a lenha, do rumor das éolicas que polvilham a nova paisagem do interior português e dos chocalhos das ovelhas. É Janeiro e a serra encolhe-se da mesma forma que os seus habitantes. "Não devia haver aulas com este frio", desabafa uma estudante acasacada. "Atão querem que as crianças vão cantar as Janeiras com este frio?", pergunta uma mãe, na aldeia de Trinta, à beira do vale do Mondego, um Mondego invernal, escuro, frígido.

UM SOPRO DE CALOR NO FRIO DA GUARDA

 
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Andava eu às voltas numa rotunda preocupado em encontrar um lugar aquecido quando dou de caras com esta jovem acalorada e sem qualquer preocupação com a temperatura gélida que a circundava, a ela, à rotunda e ao matagal desalinhado onde a colocaram.

GUARDA

 
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Guarda, noite de temperatura negativa, 6 de Janeiro de 2009. Está tudo em casa.

REQUEIJÃO COM ABÓBORA, GUARDA

 
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Que mal tem que estejam dois graus negativos lá fora se aqui dentro tenho arroz com lebre, requeijão com abóbora e uma garrafa de Quinta dos Termos?

GUARDA, 6 DE JANEIRO DE 2009, 3 GRAUS CENTÍGRADOS

 
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QUARTEL DOS BOMBEIROS, GUARDA

 
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MAÇAINHAS

 
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MAÇAINHAS

 
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Quis o destino que atravessasse Maçainhas um dia depois dos 22 trabalhadores da Fábrica têxtil local António João S.A. terem encontrado os portões fechados. "Eles já estão com os salários em atraso desde Setembro mas têm lá ido sempre para pelo menos receber o que falta", conta um conterrâneo. No distrito da Guarda, há ainda 872 pessoas à espera de receber um total de 13 milhões de euros em salários em atraso e indemnizações de fábricas que faliram, a maioria da indústria têxtil.

MAÇAINHAS

 
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MAÇAINHAS

 
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BARRAGEM DO CALDEIRÃO, GUARDA, MANHÃ GÉLIDA DE 6 DE JANEIRO DE 2009

 
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BARRAGEM DO CALDEIRÃO, GUARDA

 
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CORUJEIRA, JANEIRO DE 2009

 
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VIDEMONTE

 
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VIDEMONTE

 
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VIDEMONTE

 
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VIDEMONTE

 
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PRADOS

 
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Estava bem encaminhado para atravessar a serra entre Linhares e Videmonte pelo caminho mais directo, em terra batida mas lá em enganei e fui ter a Prados e à estrada de asfalto, percorrendo bem mais quilómetros do que previ inicialmente.

ENTRE LINHARES E VIDEMONTE

 
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As eólicas, sempre elas. Já fazem parte da paisagem.

PERTO DE SALGUEIRAIS

 
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ENTRE LINHARES E VIDEMONTE

 
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Retomei a caminhada precisamente onde tinha ficado em Dezembro. Portanto, chamei um taxi e lá fui até à zona do parapente, em Linhares. O jovem taxista, de Celorico da Beira, nunca lá tinha estado. "O meu sonho sempre foi ou ser carteiro ou taxista para poder andar por aí mas nunca estive aqui. Acredite que é a primeira vez que venho cá acima. As pessoas pedem para os levar ao hospital ou buscar os filhos à escola, quem vem aqui acima?" Deixei-o, fora do táxi a apreciar a vista sobre Linhares, Celorico, Trancoso e Aguiar da Beira no horizonte.
 
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