
Chegado a Macedo de Cavaleiros, ainda sob o frio cinzento de Fevereiro, assisti à recriação de um carnaval que já foi genuíno, o de Podence e que ganhou nos últimos 20 anos uma dimensão nova, com o atrair de muitos forasteiros e de turistas à aldeia. Corria um vento gelado das bandas do Azibo que enregelava as faces desprotegidas dos de fora e afugentava os locais, já habituados ao ritual dos chocalhos atrás das moças. Por momentos, caíram farrapos de neve enquanto o céu baixava cinzento até cobrir o mundo verde à volta de uma opressiva depressão invernal que só terminou quando entrei num café aquecido, vigas em madeira e vi jarros de vinho, queijo, presunto, sob uma mesa de foliões junto a uma lareira.
Por essa altura, tinha planeado seguir pela Serra da Nogueira em direcção de Bragança mas em boa altura consultei na net o rol de associações de gaiteiros e pauliteiros de Miranda e decidi "atacar" o planalto. As bandas de Vimioso foram das mais solitárias e tristes que encontrei na viagem, território que em tempos serviu de refúgio a judeus perseguidos pela Inquisição, que mais tarde foi esvaziado pela emigração e hoje apresenta mais casas do que habitantes em muitas aldeias.
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