“O presidente disse para não irmos de férias no dia das eleições europeias? Eu não tenho férias, nunca tirei férias”, explica Fátima Marques, 47 anos, um sorriso triste que não esconde desalento e dificuldades. Há nove anos, desempregada- trabalhava no matadouro local-aceitou o desafio de aprender tecelagem. Com ajudas comunitárias e da autarquia, aprendeu a tecer juntamente com outras mulheres sem trabalho. Ao fim de um ano, no âmbito da Associação de Artesãos de São Pedro do Sul, instalaram-se na antiga estação de caminhos de ferro. “Nunca tinha visto um tear, aprendi do zero”, diz. “Mesmo assim, nunca se sabe tudo, aprende-se o básico e tenta-se sempre ir melhorando”.
Como a venda de artesanato não era suficiente para se governarem, criaram um restaurante. Hoje, são cinco mulheres a cozinhar, tecer e a servir às mesas. “Fazemos tudo mas está complicado. As pessoas evitam fazer compras por causa da crise e viver apenas do artesanato é impossível”. Com o que ganham, ao fim do mês, conseguem viver com o salário mínimo. “Vai-se buscar ali e acolá, gasta-se tudo mas vai-se tentando viver”, explica uma cansada Fátima Marques, demasiado preocupada em sobreviver para seguir a campanha eleitoral ou se preocupar em votar.
. “Eu costumo a pôr sempre o voto mas não vivo de política, vivo de trabalho e não sigo a campanha eleitoral. Hoje estão lá uns, amanhã outros, temos de nos dar bem com todos”.
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