DIÁRIO DE VIAGEM DO JORNALISTA NUNO FERREIRA (EX-EXPRESSO, EX-PÚBLICO) QUE ATRAVESSOU PORTUGAL A PÉ ENTRE FEVEREIRO DE 2008 E NOVEMBRO DE 2010. O BLOG INCLUI TODAS AS CRÓNICAS PUBLICADAS NA REVISTA "ÚNICA" EM 2008, BEM COMO AS QUE SÃO PUBLICADAS SEMANALMENTE NO SITE CAFÉ PORTUGAL. (Travel diaries of Nuno Ferreira, a portuguese journalist who crossed Portugal on foot from February 2008 to November 2010. contact: nunoferreira62@gmail.com ou nunocountry@gmail.com

16/06/09

PORTAS DE MONTEMURO (CRÓNICA PUBLICADA NO CORREIO DA MANHÃ)

 
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Ali em cima, a mais de 1.200 metros de altitude as “boutades” de alguns políticos portugueses não chegam, Maria de Belém, Vital Moreira, José Lello ou Paulo Rangel não existem e Eduardo Pereira, 25 anos, tem mais com que se preocupar. Há dois meses que gere a gasolineira PetroMontemuro e o “Portas Bar”, nas Portas de Montemuro. “Isto aqui é complicado de Inverno, não há limpeza de neve”. Nos nevões de 2008, ainda a trabalhar para uma empresa de energia eólica, ficou três dias isolado com outro colega, num contentor, sem comida nem água: “O helicóptero não conseguia aterrar por causa do nevoeiro. Comíamos neve e gelo, rapámos muita fome”.
Ao fim de três dias, arriscaram sair apenas com a farda normal, tendo bombeiros de Castro Daire e de Cinfães no seu encalço. “Tínhamos neve pela cintura”.
Natural de São Tomé de Covelas, concelho de Baião, aos 25 anos Eduardo Pereira, casado e pai de um filho de dois anos, já foi carteiro, já trabalhou na construção civil em Valença, Burgos, Cuenca e nas antenas eólicas em Resende, Vila Pouca de Aguiar e nas Portas de Montemuro. Onde vive, Santa Cruz do Douro, Eduardo ainda amanha vinhas, batata e milho. “Isto aqui em cima é muito bonito mas está desprezado, não há uma placa a assinalar as Portas de Montemuro, não existe uma pousada, nem caixotes do lixo”.
Eduardo, que habitualmente vota Partido Socialista nas autárquicas e nas legislativas, ainda não sabe se vai votar dia 7 de Junho. “O que eu sei é que há muito desemprego em Baião e muitos a irem para a França e para a Bélgica”.

1 comentário:

Anónimo disse...

É uma grande verdade o inverno aí na serra é duro e triste, mas se recuarmos 20 anos antes, então sim era um inferno, por isso penso que ouve muitas mudanças para melhor e já existe quem troque a cidade para viver numa aldeia que mais parece uma vila "Alhões". As dificuldades agora existentes são as comuns a todo o país (Falta de trabalho).
Cumprimentos

 
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