Apesar de ter aprendido a tocar sózinho, Célio Pires preocupou-se em ensinar outros para ter quem tocasse consigo. "Foi uma bola de neve. Agora, há para aí uns 80 a tocar gaita de foles na zona de Miranda do Douro. Tão depressa não se corre o perigo de se perder a arte".
Aos 16 anos, Célio estava cansado de tocar em instrumentos pouco sofisticados. "O que se comprava por aí era deficiente, as pessoas preocupavam-se mais com os desenhos exteriores do que com a qualidade sonora". A princípio foi aprendendo. "Fui aperfeiçoando. Há três anos abri esta oficina com maquinaria moderna, faço gaitas de foles mas sanfonas também, só que dão muito mais trabalho". A jóia da coroa da sua oficina, em Constantim, é um torno em madeira, com cerca de 200 anos que herdou de um bisavô.
Além de tocar e construir instrumentos, Célio Pires também compõe: "O que mais gosto é de tocar temas compostos por mim, fiéis à tradição local mas feitos por mim. Há por aí muita rapaziada nova a tocar músicas feitas por mim".
Apesar de tocar com o seu próprio grupo, "Trasga", Célio está sensível ao problema da dispersão de gaiteiros, músicas e talento, um pouco por todo o planalto. "O ideal era existir um conservatório em Miranda do Douro que concentrasse o reportório, o transcrevesse para pautas. Não existindo, acabam por ser as associações de cada aldeia a ensinar".
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