DIÁRIO DE VIAGEM DO JORNALISTA NUNO FERREIRA (EX-EXPRESSO, EX-PÚBLICO) QUE ATRAVESSOU PORTUGAL A PÉ ENTRE FEVEREIRO DE 2008 E NOVEMBRO DE 2010. O BLOG INCLUI TODAS AS CRÓNICAS PUBLICADAS NA REVISTA "ÚNICA" EM 2008, BEM COMO AS QUE SÃO PUBLICADAS SEMANALMENTE NO SITE CAFÉ PORTUGAL. (Travel diaries of Nuno Ferreira, a portuguese journalist who crossed Portugal on foot from February 2008 to November 2010. contact: nunoferreira62@gmail.com ou nunocountry@gmail.com
17/06/09
UM CHAMAMENTO DIVINO
“Foi um chamamento divino”, explica António Vieira Caetano, 72 anos, guardião do Mosteiro de São João de Tarouca. Durante anos, trabalhou em Lisboa em lojas de vestuário como a alfaiataria Rosa E Teixeira, na Avenida da Liberdade. Um dia regressou à terra natal e tratou de cuidar do grande monumento da sua terra. “Vim para aqui em 1977, estava o Mosteiro com as portas abertas, sem telhado, os azulejos descolados das paredes, esculturas em terracota desfeitas. Decidi ficar por aqui e ajudar o mais possível na preservação do monumento nacional”, diz.
As histórias contadas por António Caetano são mais que muitas: “Uma vez um ex-presidente da Junta de Freguesia apontou-me uma pistola porque queria construir habitação junto ao mosteiro e eu opus-me. Já faleceu, Deus o tenha em descanso”. As dificuldades de preservação do monumento foram muitas. “Cheguei a colocar a rapaziada de ocupação dos tempos livres a cortar paus para escorar as talhas”.
Foi durante o governo socialista de António Guterres que o Mosteiro sofreu as maiores obras de restauração. “O Guterres veio cá , eu estava ali ao fundo e ele perguntou: Onde está o senhor Caetano, esse herói, que eu quero dar-lhe um abraço”.
Caetano orgulha-se de ter recebido uma medalha de ouro de mérito da Assembleia Municipal de Tarouca e de ter sido entrevistado na SIC. “A Júlia Pinheiro só me disse: Você venceu a guerra, a pistola transformou-se em ouro”.
Neste momento, o Mosteiro necessita da restauração do órgão de tubos. “Já cá vieram técnicos europeus, falta a contribuição do Estado português”. Pode ser que algum deputado eleito hoje ajude, em Estrasburgo, a desbloquear mais essa batalha de Caetano.
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