DIÁRIO DE VIAGEM DO JORNALISTA NUNO FERREIRA (EX-EXPRESSO, EX-PÚBLICO) QUE ATRAVESSOU PORTUGAL A PÉ ENTRE FEVEREIRO DE 2008 E NOVEMBRO DE 2010. O BLOG INCLUI TODAS AS CRÓNICAS PUBLICADAS NA REVISTA "ÚNICA" EM 2008, BEM COMO AS QUE SÃO PUBLICADAS SEMANALMENTE NO SITE CAFÉ PORTUGAL. (Travel diaries of Nuno Ferreira, a portuguese journalist who crossed Portugal on foot from February 2008 to November 2010. contact: nunoferreira62@gmail.com ou nunocountry@gmail.com
10/02/10
EM MACEDO DE CAVALEIROS (CLICAR SEMPRE EM MENSAGENS ANTIGAS NO FINAL PARA PODER VER A RESTANTE VIAGEM)
A 21 de Fevereiro faz dois anos que iniciei esta viagem a pé por Portugal com interrupções e alguns problemas à mistura. Na altura decidi começar por Sagres por causa da simbologia mas também por causa do tempo em Fevereiro. Afinal aqui estou eu em pleno Inverno a caminhar em Trás-os-Monte, entre serras, montes e vales desgraçadamente vazios mas belos, sempre em busca de algo que remeta para o Portugal rural que partiu, esgotado pela emigração, migração interna, pela razia dos números. Só o concelho de Torre de Moncorvo, que atravessei há uma semana, perdeu metade da população desde a década de 50 do século passado. Mas é um prazer conviver com os que ficaram ou os que retornaram mesmo sendo estes tempos difíceis. "Aqui em Mogadouro grande parte da povoação cresceu devido aos emigrantes. Dessa avenida para baixo, por exemplo. Agora, há muitos que procuram vender e regressar à Suíça ou à França. Aqui não há emprego. A agricultura morreu e indústrias?", comentava um habitante de Mogadouro.
Nuno Ferreira (contacto: nunocountry@gmail.com)
CANTINHO GERMÂNICO
O caminho está marcado por imensas referências à emigração. Afinal de contas, este foi um povo que por sua própria conta e risco saltou a fronteira e partiu para se estabelecer em França, Suíça e na Alemanha. Muitas casas de emigrantes, bem distintas das velhas moradias em pedra tradicionais, a maioria em ruína, estão fechadas. Sinal dos tempos. Convidados a regressar no "boom" dos anos 90, muitos estão a voltar a partir ou já partiram.
Estas ovelhas estavam a pastar junto à estrada a uns quilómetros de Macedo de Cavaleiros. Os cães, presos numa espécie de guarita de pedra, ao fundo, não paravam de ladrar. O local é bucólico, a berma (praticamente inexistente) nem tanto. Os carros passam em velocidade à medida que Macedo se aproxima. Entre os rails e a linha branca que me separa deles não há quase espaço nenhum.
SANTUÁRIO DE SANTO AMBRÓSIO, VALE DA PORCA
Nesta época do ano e especialmente a um dia da semana, o Santuário de Santo Ambrósio está vazio, se exceptuar um jardineiro que me cumprimenta enquanto deambulo pelo anfiteatro.Procuro imaginar tudo aquilo em Agosto, o nativo Roberto Leal a cantar "Na pequena capelinha,tanto tempo se passou, uma nuvem tão branquinha, a um cego luz deixou".
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