DIÁRIO DE VIAGEM DO JORNALISTA NUNO FERREIRA (EX-EXPRESSO, EX-PÚBLICO) QUE ATRAVESSOU PORTUGAL A PÉ ENTRE FEVEREIRO DE 2008 E NOVEMBRO DE 2010. O BLOG INCLUI TODAS AS CRÓNICAS PUBLICADAS NA REVISTA "ÚNICA" EM 2008, BEM COMO AS QUE SÃO PUBLICADAS SEMANALMENTE NO SITE CAFÉ PORTUGAL. (Travel diaries of Nuno Ferreira, a portuguese journalist who crossed Portugal on foot from February 2008 to November 2010. contact: nunoferreira62@gmail.com ou nunocountry@gmail.com

04/07/10

IP 4 JUNTO À CAMPEÃ

 
Posted by Picasa

NOS BOSQUES DE CAMPEÃ

 
Posted by Picasa

CRÓNICA PUBLICADA NO CAFÉ PORTUGAL (CLICAR PARA LER NO SITE)

 
Posted by Picasa
Sirarelhos deve ter, provavelmente uma das melhores vistas sobre a cidade de Vila Real. Encavalitada num promontório de pedras, dormita naquela manhã limpa e fresca de sábado, o azul do céu apenas riscado pelo fio branco da esteira deixada por um avião . Uma carrinha branca desce a rua de entrada da povoação. O altifalante debita música folclórica. De repente, o volume do som desce e uma voz de anúncio de hipermercado ecoa pela montanha: “Chegou o peixeiro! Peixe fresco, sardinha, carapau!” A música volta a dançar sobre as colinas de pedregulhos encavalitados em formas bizarras. Uma ou outra mulher assoma a uma janela ou vinda de uma das últimas leiras ainda cultivadas. A carrinha desce a estrada em curva verdejante já em direcção a Galegos da Serra e à rede de aldeias mais povoadas da encosta que só termina nas rotundas de Vila Real: Agarez, Lordelo: “Chegou o Peixeiro!” Sirarelhos, o café “Copos Cheios” ainda fechado aquela hora da manhã, dispensou ao peixeiro a recepção possível de mais um lugar quase deserto e envelhecido.
 
Posted by Picasa
Dois dias atrás, desci o Alvão por Fervença, Barreiro e Lamas de Olo. Em Barreiro, um lugar com uns 40 a 50 habitantes, trepei e desci lajes por entre as abandonadas casas de pedra e telhados de colmo onde já ninguém quer viver. De repente, ouviu-se do nada, junto ao sino da torre em pedra, uma voz feminina adulta: “Aaaana, oh Anaaa!” Ana surgiu de boné e calções de ganga, um pau na mão esquerda, a dirigir uma pequena manada de vacas maronesas, subiu a calçada fantasma e desapareceu em 20, 30 segundos. A aparição de um ser humano, ali, é sempre assim, uma chama a cintilar no vento, um pavio que se apaga.
 
Posted by Picasa
A partir de Lamas de Olo, a estrada melhorou, aumentaram as viaturas, os autocarros suburbanos. Larguei a estrada e troquei-a por pedras, urze e a promessa de uma correnteza de água lá em baixo. De repente, vi surgir do lado esquerdo um rebanho de cabras. Aproximava-me aos tropeções quando avistei, mais acima, uma sombra sobre a penedia, a figura do pastor. “Andas a passear? Já viste algum lobo? Há dias, um comeu umas rezes a um vizinho meu ali do Arnal. Está ali a ver aquele armazém?” Via-se um pequeno caixote de tijolos cinzentos e telhado de zinco afundado no junco de um vale à distância. “É ali que ele as guarda, como o lobo lá entrou não sei...”Arnal é uma espécie de último posto na montanha antes das pedras se emaranharem umas nas outras. Cheguei lá depois de saltar duas vedações e enterrar as pernas na erva a dar-me pelos joelhos. As caixas em madeira do correio foram substituídas por uma única caixa de correio em metal e jazem abertas e ao abandono. Vi um homem a entrar numa casa. Estava tão cansado que enchi a garrafa de água da nascente e prossegui até ao cruzamento para Galegos da Serra. Uns degraus em pedra levaram-me até uma cascata apropriada por dois rapazes da cidade. Enfiei-me debaixo do chuveiro glacial e esqueci o pó, os quilómetros e o suor que me empapava as roupas.
 
Posted by Picasa
Naquele sábado, segui disciplinadamente o estradão que liga Sirarelhos às eólicas e desce para os lados do vale de Campeã. No planalto- o dorso em mesa do Marão à minha frente- grupos de vacas maronesas, de pele castanha escura, seguiram os meus passos de intruso até me verem descer para as bandas de Vila Cova, onde em tempos se explorou o ferro e agora se paga mil euros por cada bebé que nascer.
O vale deu-me as boas vindas, primeiro através do altifalante do santuário da Senhora de La Salette que começou a chiar precisamente quando dali descia para os telhados de lousa da aldeia: “brum, immmm...a treze de Maio...” Descansei num café simpático onde um burro de peluche procurava beber de um pacote de vinho com uma palhinha. O melhor estava para vir. Vila Cova tem a melhor paragem de autocarro do mundo, uma paragem em lousa com um sofá e uma vista soberba sobre os campos do vale de Campeã e que dispõe de ...rede wireless! Não podia ter pedido melhor despedida do Alvão.
 
Posted by Picasa

ALVÃO COM O MARÃO AO FUNDO

 
Posted by Picasa
tras os montes 2 995

SIRARELHOS-VILA COVA PELA SERRA DO ALVÃO

tras os montes 2 954


tras os montes 2 957

SIRARELHOS

tras os montes 2 931

SIRARELHOS, SENTINELA SOBRE VILA REAL

tras os montes 2 919

LINHA DO CORGO, VILA REAL

tras os montes 2 907

CASCATA EM GALEGOS DA SERRA, VILA REAL

tras os montes 2 876

ARNAL, SERRA DO ALVÃO

tras os montes 2 862

ARNAL, SERRA DO ALVÃO

tras os montes 2 861

ARNAL, SERRA DO ALVÃO

tras os montes 2 856

ATOLADO NAS ERVAS A CAMINHO DE ARNAL, ALVÃO

tras os montes 2 853

VACA MARONESA NA ESTRADA ENTRE LAMAS DE OLO E VILA REAL

tras os montes 2 827

ALBUFEIRA PERTO DE LAMAS DE OLO, ALVÃO

tras os montes 2 822
tras os montes 2 810

ESTRADA PERTO DE LAMAS DE OLO

tras os montes 2 751
 
Site Meter